terça-feira, 20 de outubro de 2015

POESIAS E VERSOS - Autor: FRANCISCO BISPO


CRIANÇA DE RUA

Criança de rua.
Que traz em seu rosto,
A tristeza ambulante.
A  raiva constante.
Da falta de vida. De esperança perdida.
Sem paz, sem prazer.

Criança de rua.
De roupa surrada.
Que é desprezada.
Dormindo ao relento
Sem ter um alento.
Dos pais ou poder.

Que finge sorrir.
Que finge cantar
Mas não finge sofrer.

Criança de rua.
Que não sabe ler.
 Se souber não importa.
Pois ninguém quer saber.

Criança de rua.
Que sonha acordada.
Tomar café de manhã
Pular, gritar e correr
Brincando de faz de conta.
Pois sabe, não vai comer

Criança de rua.
Infância perdida
Rosto sujo e maltratado
Implorando pela vida

Criança de rua.
Herói permanente
Sem saúde, sem dente.

Sem causa ou efeito.
Vive de qualquer jeito
Pedindo a um e a outro.
Tentando sobreviver

Tentando mostrar a todos
Que não está só no mundo
Que embora esteja moribundo
Sente que ainda é gente!

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O Amor Está no Ar                                                                                                              

Ao despertar lembranças minhas,
Ouso escrever essas linhas
Invocando um nobre poeta
Que me engrandece e me afeta
No rasgo do meu conhecimento
Quando me dedico ao amor

Amor que desabrocha
De maneira tão estranha
Que mal percebo a manha
Dos entes no bem querer

Meu fôlego de iniciante
Nos versos toma coragem
Ao tentar falar diferente
Do amor que estou pra ver

Pensando dessa maneira
Costumo observar
Que a natureza nos dá
Em toda forma de vida
Um exemplo pra viver
E não precisa ser humano
Para o amor acontecer
Diante dessa afirmação
Passo aqui a descrever
Os arrulhos em um ninho
Que começam a acontecer

Uma ave se aproxima
De um poste iluminado
Observa ali parado
Tudo que pode ver
Outra ave também chega
Com o mesmo arrulhar
E,Talvez como aprovação
À  primeira que chegou
Nada tentou mudar

Diante desse fato
Eu começo a perceber
Que ali naquele poste
Algo vai acontecer

São seis horas da manhã
Uma fraca neblina cai
O primeiro pássaro sai
Voando não sei pra onde
Mas gostaria de saber

Trinta segundos se passam
A segunda ave voa
Numa outra direção
Essa, eu pude ver
Eis que a primeira ave volta
Com um graveto no bico
A segunda chega também
Ambas vão se emaranhar
Nos fios que o poste tem

O frenesi cresce no lugar
Na produção do aconchego
E o amor está no ar

Ao presenciar essa cena
Afirmo sem preconceito
Ele aparece simplesmente
 Até nos fios frios de um lugar
O amor se fez presente
E nem pediu para chegar
Se isso não é amor
Não sei mais o que será

Vaidoso que fiquei
Pelo fato ali presente
Confesso algumas lágrimas
Eu não pude evitar

Mais vaidoso fiquei ainda
Quando semanas depois aparece
Não mais arrulhos de amor
Mas, o amor em espécie

São dois filhotes ariscos
Que à porta do ninho vêm
Mostrando ao mundo enfim,
Que o amor é infinito
E que, por si só se produz
Sem a intervenção de ninguém.

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ÊXTASE

A  poesia está presente no instante em que,
a mulher saindo da sua condição submissa,
imposta pelo machismo, ensina com maestria,
os primeiros mandamentos da vida que são ,
o amor e o saber.

O amor, sublime vocação feminina, embalado na ternura
do seu Ser..

O saber, intuição sublime, fonte de suas emoções.

Ser poético em sua essência, que não delimita espaços,
Que não discrimina desejos, desejos que afloram do peito,
embora  reprimido, de ansiedades vãs.

Ser poético no saber, eterna vocação de ser mulher.
Soberana no seu ser, infinita enquanto puder.

A poesia enfim, é voçê mulher, regaço de bem querer,
Sonho eterno de minha imaginação real, prelúdio de minha vida.
Meu êxtase interminável, minha intimidade com Deus.

Bispo 04/12/97

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AFRODITA
  
Pequena, linda, rebelde.
Coração ardente, anseios
constantes, uma paixão
irradiante e infinita.

Pedaço de mulher, ainda
incompleta, misto de ninfeta e deusa
do amor, soberana no prazer do seu ser.

Senhora dos seus sonhos,
acalentados pelo amor.
que exala erotismo e pureza,
em constante desejo, num eterno prazer.

Flor que desabrocha, odores perfumados,
lábios que almejam, beijos ardentes,
carícias eternas.. Juras de amor.

Mulher incompleta, pois idade não tem,
Desperta na vida, olhares sutis em busca
da malícia. Poema em formação de vida.
Astro sem rota. Estrela sem rumo.
Afrodita, Afrodita.
  
BISPO 27/05/99

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O SER POLUTO 

Da ladeira da vila eu vi
O Verde vale do rio gelado
Silencioso, porém agredido
E invadido por todos os lados
Pela cegueira inútil do homem
Que insiste em destruir
Tudo que está ao seu  lado

Da ladeira da vila eu ví
Belos eucaliptos verdes
Que ao vento,entoam,
Linda sinfonia de sussurros
De ventos que invocam
Danças de prazer
Dos imensos vegetais
Que logo irão morrer.

Da ladeira da vila eu vi,
Crianças no soberbo Juá,
Às margens do rio criando,
Com imaginação e ternura,
A real arte de brincar
Sempre sorrindo e cantando
Sem no perigo pensar.

Da ladeira da vila eu vi,
A chaminé poluindo os seres
Com negras fumaças ao vento
Sufocando pensamentos,
Destruindo criações
Tingindo pulmões infantis
Corroendo tudo por dentro

Da ladeira da vila eu vi.
Deus, não sei porque,
Crianças sem crescer,
Adultos alterados,
Sem vontade de viver,
E a solidão sombria,
Nos seres desesperados
Eco de uma vida incompleta
Onde a natureza agoniza,
No âmago de cada vida,
No âmago de cada ser.

Da ladeira da vila eu vi,
A felicidade fugindo,
Da esperança não conquistada,
Pela falta de objetivo,
De uma gente maltratada

 BISPO   27/05/99

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INSPIRAÇÃO

Poeiras ao vento... encobre,
Minha vontade de ver
Toda ternura que existe
Em voçê.

Foi assim...
Voçê chegou, olhou,
Insinuou um bem querer.
Acreditei, e fui atrás,
Que pena! Era fantasia
Voçê não existia.

Bem que tentei, não acreditei no  que via
Mas, voçê estava lá na minha frente
Querendo não sei o que. Ou sei?
Sei lá! Só sei que pensei acreditar
Que voçê existia e me arrependí.
Pois minha vontade de ver
Toda ternura que existe em voçê
era apenas devaneios
Voçê não existia.

BISPO   27/05/99

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ENIGMA

Ah! Sabes quem sou?
Sou tua imagem refletida,
Teu semblante pensativo,
Tua miséria escondida,
Teu fracasso previsto,
Teu sucesso negado,
Tua alegria incontida,
Tua tristeza aflorada.
Teu prenúncio de vida

Ah! Sabes quem fui?
Teu devaneio constante,
Tua esperança de vida,
Teu sorriso contagiante,
Teu sucesso previsto,
Teu amor verdadeiro,
Tua lágrima feliz,
Teu sonho realizado,
Teu caminho sem pedra,
Teu horizonte infinito.

Ah! Sabes o que serei?
Lembranças do teu passado,
Tua vitória perdida,
Crepúsculo de tua saudade,
Sonho de uma realidade vivida,
Solidão em teus pensamentos,
A ilusão verdadeira em tua vida.

Ah! Sabes o que somos?
Restos de um objetivo comum,
Resenha de fato consumado,
Realização planejada de um sonho,
Vivido numa eternidade finita,
Onde o amor delimita, objetivos afins,

BISPO 03/08/1999

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SONHO DE PAZ

Vejo na penumbra,
Tua silhueta sublime, entrando
Colorindo o ambiente como um Arco-Íris,
Que ao contato com a chuva, resplandece
 Na tempestade, um momento de paz!

Uma paz, um deleite, um sonho,
Num regaço permanente, onde o teu ser,
Costuma dormir  acalentando,
Infinita vontade de viver.

Viver de maneira intensa,
Um futuro inacabado.
Sem fronteiras e sem vícios.
Onde o tempo possa esperar.
Se, preciso, retroceder.


Hipnotizando meu sonho.
De te ver e pensar que.
Como Venus prateada.
Retomas o meu destino.
Num acalanto de menino.
Que acaba de nascer!
  
Bispo, 15/10/99 

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RESPLANDECER

Vê que aurora  tão linda!
Esta do teu litoral, onde o mar se deleita e banha
Beijando tuas areias, repletas de vida matinal
Vê que mulheres fagueiras, belas e sensuais
Que deitam-se em tuas areias, junto aos coqueirais
Onde resplandece  teu  status de extremo oriental

Das Américas, e do povo que te admira,
Do litoral Norte ao Litoral Sul,
és bela, que maravilha!
Praias bonitas e cintilantes de um azul infinito,
Onde o por do  sol te transforma
Numa aquarela deslumbrante,
De vida colorida

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O que será?

Ah! Como eu gostaria/ de saber porque
Esta nuvem negra/ paira assim...
Porque será?/Porque que tem que ser assim?
Porque chove tanto?/ Tantos pingos de angústia?
Porque ouço tantos gritos de alerta?
Porque  tanta  coisa tenebrosa?
Porque tanta prenúncia?

Que milagre virá?/ Que milagre virá?
O que será? O que será? O que será que verei?

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O PRINCÍPIO E O FIM

È manhã.
Teu rosto iluminado olha pra mim.
Teu sorriso encantado, me diz assim...
Vem viver este prazer.
Te contarei, segredos de amor
Minha alma se alegra em te ver

É manhã.
Lembro-me bem,
Chegaste pra mim sorrindo e feliz,
Com ingenuidade infantil.
Ternura de um amor maior
Mostrando traços de aprendiz

É manhã.
Que prazer!
Ver-te feliz assim.
Sem esquecer.
Que ainda és imatura,
Que ainda és precoce
Porém, sabes querer.

È manhã.
Onde estás?
Te vi passando, e não vieste. Por Que?
Eu Sei muito bem!
Já não és tão ingênua assim!
Aprendeste como viver!
Já não precisas  de mim,
Já não precisa aprender
O principio e o fim 

Bispo set/2003 

Obs: Este poema foi musicado pelo saudoso cantor e compositor paraibano Pádua Belmont, que foi gravado no cd: Retorno de 2008, e está na faixa 11 do cd.

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UNIVERSO IMAGINÁRIO

O meu destino é só meu
Dádiva que Deus me deu
Solidão no meu caminho
Já não existe mais.
Saudade por viver sozinho
Também não quero jamais.
Transformar o meu destino
Agora eu sou capaz

De amar você com prazer....

Por que você chegou,
de mansinho pra mudar
o meu pensar e o meu destino
mudando de rumo um vida
que flutuava perdida
num universo imaginário
de perspectivas vãs
sem endereço e sem lugar.

Agora portanto, eu sei
Meu rumo e meu lugar
Pois você me ensinou também,
como se deve sonhar
e construir um destino
sem viver sozinho e amar
pois o caminho do amor é viver
por isso agora eu sou
sonhador  amante e capaz
de amar você com prazer..
De amar você com prazer
 
 Bispo/dez/03

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ENCANTO/DESENCANTO

A saudade precoce
Dos jovens amores
São sonhos desfeitos
Pelo  prazer de amar
Sem curtir o encanto
Que o amor pode dar

A saudade e a ternura
São elementos perfeitos
Para quem ama em sintonia
Com esperança e desejo
Com prazer e alegria

Jovens amantes, almas benditas
Prazeres loucos, em suas vidas
Causa e efeito , sem dores sofridas
É só felicidade! É só paixão!
É força estranha, no coração!

Se a vida é só paixão
Sem cumplicidade e amor
É viver tudo, é viver nada
É o encanto de uma vida
É uma vida destroçada
É um prazer na chegada
É um sofrer na partida
  
Bispo/julho/04

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Gueixa 

Neste teu andar de gueixa
Tão lindo!
Este teu olhar fagueiro
Me diz
Que teu corpo me espera
Feliz
Pra saciar desejos
De amor, que brotam
Em teu colo sedutor
De prazer e de ardor

Deixo-me levar contigo
Sentindo este imenso torpor
Saboreando em teus braços
O néctar que produz enfim,
De forma doida e leviana
Tornando-me súdito e amante
Ou teu discípulo afim

Em teu colo provocante
Gueixa dos meus costumes
Estarei a te querer
Como a paz de um menino
Criando assim, meu destino
Gueixa do meu prazer

Bispo/06/2004

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FELICIDADE

Não importa onde estejas
Não importa  o que faças
Não importa o que vejas
Não importa se rastejas
Não importa se há certezas
Não importa se não haja
Pois a vida é uma beleza
E sem vida não há graça
É de graça esta certeza
Como é bela  a natureza
Que cria e disfarça
Que protege e delimita

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DEVANEIOS

Caminho no meu caminho
De paz,
De paz comigo vou seguindo
Sem jamais
Perder a esperança
E ser  capaz
De construir futuros
Reais
E poder ver as flores
Nos quintais
Sorrindo com amigos
Leais
Criando e recriando
O amor (bis)

O amor é uma estrada
A seguir
Com versos ou reversos
Sem fingir
E esta devoção ardente
Arrebatando a  gente
Transforma  a vida
Em arcos íris, com brilho próprio
E muita cor
Criando e recriando
O amor (bis)

Bispo,08/07/2004

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A BUSCA

Caminho só
Nesta estrada, vou seguindo
Procurando por alguém, que também
caminha como eu, em busca de amor
e, por isto acredita que vem,
ao seu encontro caminhando só e vai,
seguindo a mesma trilha, porque,
com certeza  o encontrará.
E o destino numa caminhada só
mostrará a estrada onde esconde,
a felicidade almejada.

Caminhei  só,  até encontrar você
Que prazer lhe ver.
Quanta emoção, meu coração sentiu
Quando lhe viu
Dificuldade eu senti, porque,
Não esperava enfim querer,
Que você chegasse assim, pra mim.

Quem caminha nesta vida com amor
Não pode nem merece sentir dor

Vivo só
Imaginando neste espaço
O brilho das estrelas  que ofuscam
O Teu olhar sobre este universo
Complexo, como os teus pensamentos

Libertar
De você essa alegria
Liberar do seu corpo o preconceito
Que destrói e evita a fantasia
Que impede  e atrofia
 A Felicidade e o amor
  
Libertar
Toda vontade oprimida
Todo grito no peito
Toda dor sofrida
Toda causa e todo efeito
Que provoca imensa dor

Libertar
Toda saudade que eu sinto de você
Toda saudade que você sente de mim
Toda ternura que você pode me dar
Todo amor que você guardou pra mim
A felicidade que podemos desfrutar

Libertar enfim,
É ser livre assim,
Criando fórmulas de paz
Sem ter que voltar atrás
É não gerar tristeza
Não gerar pobreza
De espírito

Libertar é um ato de amor
Tornando flores vivas e ativas
Em pétalas  destruídas
Sem sensibilidade e amor

Vem,
Ficar comigo
Longe desta solidão
Me envolve me abraça
Esquenta o meu  coração
Tão triste

Vem,
A noite é nossa
É grande o nosso amor

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FLAGELO SOCIAL

Homem sem alma.
Homem sem amor
Agonia mortífera
Na face de um facínora
Que ceifa vidas em flor

Eis que ele passa despercebido
Pois já era conhecido
Nele ninguém prestou atenção
Sujeito comum vai e vem
Qualquer um

Como saber que ela viria?
A besta humana existia?
Não. Não na mente dos inocentes.
A rotina não altera
Pois brincadeira parecia

Cai a primeira vítima
A segunda também caía
Não. Não era brincadeira
Nem tampouco fantasia
Era grito de horror e desespero
Era criança morrendo em agonia


Francisco Bispo

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